terça-feira, 24 de março de 2015

Vem aí um EP!

Muitos/as de vocês já conhecem o Xote Sem Fronteiras, música do Vinicius Barcelos Ferrão e do Iuri Daniel Barbosa com letra minha. Quem não conhece, trate de conhecer agora clicando aqui!

Bem, em junho próximo, gravarei um EP (um "mini-CD") em Porto Alegre, com arranjos e produção musical do amigo Vinicius Ferrão! Além do Xote, haverá mais dois sambas meus e um do camarada Noel Rosa.


Dos outros dois sambas, um é uma parceria com o amigo, músico talentoso e pessoa importante nesta minha trajetória musical, Aquiles Dias. Chama-se "Curto Pavio", e a letra foi posta aqui em primeiríssima mão! Ela sofreu pequenas alterações para receber a melodia, mas o resultado vai ser lindo!

O outro samba meu, "Sem Clima", chegou a ser harmonizado pelo violão maravilhoso do Leonel Costa, meu parceiro querido que teve muita influência sobre tudo que fiz depois de conhecê-lo, para que tocássemos uma ou duas vezes na noite porto-alegrense. Chegamos a fazer um registro, o áudio não está lá essas coisas, mas era o começo do nascimento do samba. :)

Para viabilizar o EP, há um investimento que envolve gravação, mixagem, masterização, músicos, prensagem, arte, um clipe de divulgação... Enfim, muita coisa!

Como sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, eu os/as convido a sonhar comigo para fazer virar realidade. Em breve (muito breve!), vou expor em todos os meios possíveis o projeto que lançaremos via uma plataforma de financiamento coletivo, para que os amigos e amigas possam contribuir e, claro!, receber a recompensa referente à sua contribuição. A lista de recompensas, aliás, está sendo pensada cuidadosamente e com muito carinho - por vocês e pelo nosso trabalho!

Aguardem desde já e se preparem! Para ajudar a gente e para participar dessa produção que vai ficar linda, pois a dedicação e o amor que estamos colocando na coisa é que está dando o tom!


segunda-feira, 16 de março de 2015

Sobre 15 de março de 2015: quero ver o vendaval, quero ver o carnaval

Helenira Rezende
Somente agora, após respirar ar puro e ter o silêncio necessário para ouvir o pulsar do meu próprio coração, é que eu posso escrever alguma coisa sobre ontem.

Não me surpreenderam os números. Li, vi e ouvi os principais veículos da grande mídia convocando diária e efusivamente essas manifestações. Está claro o esforço da oposição derrotada nas urnas e de parte do próprio governo em construir o desgaste da presidenta e de seu partido. Pelos ônibus e carros de som colocados à disposição dos manifestantes, também se nota com certa tranquilidade que a ação era menos "voluntária" e "espontânea" do que se afirma.

Não me surpreenderam os dizeres asquerosos de determinadas faixas e cartazes de conteúdo misógino, reacionário, violento. E, por que não dizer?, também não me surpreendeu a burrice contida em discursos e frases prontas. Estava tudo anunciado no ódio despolitizado que vem sendo construído há tempos, muito bem vestido nas altas grifes do reacionarismo que não só pretende combater um processo em curso, mas até revertê-lo.

Não me surpreendeu que o grande símbolo erguido por essa galera tenham sido bandeiras do Brasil e camisas da seleção. Primeiro, porque fazem essa confusão o tempo inteiro mesmo. Segundo, porque
Zumbi dos Palmares
sempre tiveram essa prática de privatizar o Brasil, e um dos motivos de estarem aborrecidos agora é que o monópolio deles sobre o país foi, minimamente, questionado. Terceiro, porque a direita brasileira é a cara do time do Felipão que tomou 7 x 1 da Alemanha em julho último: tem complexo de vira-lata, é covarde e sem nenhuma estratégia criativa.

Seguimos sem surpresas: a pauta é a mesma das eleições passadas. A direita está na rua com a mesma agenda da campanha de seu desqualificado candidato, talvez com outra tática e novos aliados. Mas o ódio é o mesmo, e parece estar aprofundado. Porém, não colocou projeto algum em disputa, não apresenta propostas para os problemas que aponta (ou melhor, que esperneia), e está na lógica do "ganhem mas não levem". Uma pena. Prefiro debates honestos.

As respostas para a crise, entretanto, não mudaram também. Não mudaram porque não foram testadas. Reforma política, democratização da comunicação, política de alianças coerente com o programa, não com o tempo de TV das propagandas em eleições.

Margarida Alves
A flor que vai romper o asfalto é nosso programa de mudanças estruturais. Sempre foi. É precisamente por isso que nós não podemos, de forma alguma, nos eximir de levantar nossas bandeiras neste momento. E aqui, não estou falando necessariamente de bandeiras institucionais. Essa turma que liderou as ações de 15 de março carrega no estômago o ódio e o autoritarismo, mas deveria saber que muita gente morreu e/ou foi torturada para garantir que hoje eu erga minhas bandeiras, bem como que outros as combatam. Mas travando a boa luta. Sem golpe e sem violência.

Eu estou pronta, mais do que nunca, pra falar do vermelho das minhas ideias, da luta da esquerda brasileira por liberdade, por democracia, por igualdade. Ninguém vai me sujeitar a trancar no peito a minha paixão. Eu ainda acho SIM que grandes fortunas devem ser tributadas; eu ainda acho SIM que os impostos no Brasil precisam ser progressivos; eu ainda quero muito mais políticas de distribuição de renda e de combate às tantas desigualdades que há entre nós; e quero MUITO que haja espaços
democráticos onde eu possa, com os meus, disputar essas ideias. Reforma política e fim da concentração dos meios de comunicação são condições elementares. Repensar nossos métodos de abordagem, de interpelação e de debate também. Repensar nossa relação com a institucionalidade é urgente.

Paulo Freire
Nada disso é novidade, nem surpreendente, nem invenção da roda. Eu sempre tive certeza de que somente o exercício real da nossa vocação transformadora será capaz de nos conferir maioria de verdade para atingir a governabilidade tão buscada nas linhas tortas.

#NãoVaiTerGolpe

PS 1: Ninguém vai me convencer a ficar braba com setor nenhum da esquerda neste momento.

PS 2: Claro que a boçalidade não era uma característica generalizada de quem esteve nas ruas ontem, é importante saber disso. Porém, as pessoas de mente sã que saíram ao lado daqueles precisam avaliar ao lado de quem querem estar. E em nome de quê.

PS 3: Você pode até dizer que não foi só a "elite branca" que esteve nos maiores atos de ontem. Mas você precisa saber que foi ela quem os dirigiu. Sinto muito.


quinta-feira, 12 de março de 2015

Eu vou pra rua

Nesta sexta-feira 13, eu vou para a rua.

Vou me sentindo em casa, porque eu sempre estive nela e ela sempre esteve em mim. Nas ruas, eu já estive para resistir, para exigir avanços e para comemorar vitórias. Já apanhei da polícia, já tomei chuva, gritei incontáveis palavras de ordem, abracei, corri, senti medo e alegria.

Vou com a consciência tinindo, porque tenho opiniões e ideias de solução para os problemas que todos sentimos. Não é de hoje que afirmamos que a Reforma Política é fundamental para oxigenar o sistema político-eleitoral brasileiro e para combater a corrupção e a privatização da política. Só não entendo por que a massa cheirosa indignada não chega a essa brilhante conclusão. Não sei se o que querem mesmo resolver o problema. Parece que não.

Vou porque eu votei na Dilma para aprofundar as mudanças de paradigma econômico e inversão de prioridades, não para retroceder à política econômica do adversário derrotado e birrento. Vou pra rua rejeitar as políticas de ajuste fiscal e as MPs 664 e 665, que querem flexibilizar direitos conquistados a duras penas pelos(as) trabalhadores(as).

Vou porque eu também morri em cada pessoa morta, torturada desaparecida num triste passado recente que alguns teimam em querer nos fazer esquecer justamente pelo apreço e falta de vergonha que sentem por sua participação naquilo. Vou porque a democracia é nossa essência, e as ruas ardentes são a prova disso. Vou para defender a democracia como quem defende a própria vida, para que não me matem outra vez.

Vou porque eu acho uó essa indignação seletiva de gente que tá #xatyada com o esquema que vem sendo desmantelado na Petrobras, mas não fica triste com as dezenas de CPIs natimortas em SP, com a impunidade de certos processos de corrupção em Minas Gerais, com o coronelismo que segue manipulando, violentando e até matando gente Brasil afora, em pleno século XXI.

Eu vou pra rua com muito amor e convicção. O ódio, meus amigos e amigas, nunca foi um bom conselheiro. Deixa a gente meio irracional, sabem?


sábado, 7 de março de 2015

O destino e o livre-arbítrio: viva o Dia Internacional da Mulher!

Destino e livre-arbítrio, para nós, mulheres, são coisas que existem e se confrontam cotidianamente. Somos fruto dessa relação dialética, que flameja e tremula dentro de nós, levando-nos a nos movimentar por sentir as cadeias que nos prendem.

Exaltam nossa “natural” sensibilidade, enquanto evocam nossa capacidade de compreensão para assegurar o cumprimento de uma árdua rotina marcada pelo trabalho incansável fora e dentro de casa.

Mas nós observamos, enxergamos, percebemos; e nos levantamos para exigir equipamentos públicos e a socialização do trabalho doméstico e de cuidados.

Elogiam a nossa beleza, enquanto nos põem a perseguir freneticamente um padrão inatingível, em nome do qual compraremos cosméticos, remédios, dietas, cirurgias.

Mas nós vemos beleza onde querem que vejamos erro, nos orgulhamos da força da nossa pele, exibimos nossos corpos e cabelos para afirmar a beleza da nossa autonomia.

Elogiam nossa sensualidade, sexualizam nosso corpo, nossos gestos e movimentos; enquanto reprimem nossos desejos e justificam as violências que sofremos diariamente.

Mas nós queimamos sutiãs, rasgamos fantasias, mostramos a barriga, beijamos as bocas que queremos e fazemos brotar jardins cheios de borboletas.

As rosas, chocolates e maquiagens que nos oferecem hoje nos estão predestinados como forma de agradecer pelo nosso útero, enquanto passam 365 dias do ano tentando controlar nossos corpos e nossas escolhas.

Mas a nossa luta vem de séculos para tomar as rédeas de nossa própria história, ela floresce em rompimento de padrões, barreiras e amarras, e o Dia Internacional das Mulheres é a celebração disso.

Condenam-nos formal ou informalmente, adoecem-nos, matam-nos ao longo de toda essa trajetória de resistência; somos nós, são elas, heroínas anônimas e conhecidas.

Desafiamos a morte e nos tornamos sementes, voando pelo ar, contagiando, até nos plantarmos em outras mulheres e lutas e cantos do planeta. Trazemos em nós aquelas companheiras, que vivem para sempre em nossa escolha de dedicar nosso livre-arbítrio a construir um destino de igualdade para todas nós.